sábado, 16 de maio de 2009

Autenticidade folclórica

Haja respeito pelo traje

Decorria o Festival. Um elemento masculino, num rodopio da dança, deixa cair a cinta (ou faixa). Sai da roda de dança e num gesto de raiva, enrola a peça e irado atira-a ao chão. A cena decorreu precisamente na parte frontal do palco. Para natural espanto da plateia, que decerto classificou o desespero do bailador como um acto reprovável e indecoroso.
Já o temos dito que não virá mal ao mundo, e o grupo não sairá inferiorizado por isso, se o componente que deixa escapar a cinta (ou faixa), como o chapéu ou o barrete, ou à mulher libertar-se o lenço ou uma chinela, que interrompa o movimento da dança para recuperar a peça do traje. Seria assim que os bailadores de outros tempos, de uma forma instintiva, decerto procederiam; nunca deixariam pisar e emporcalhar aquilo que lhes terá custado os olhos da cara, na época.
Imaginemos a dificuldade de uma bailadora a concluir a dança calçada com apenas uma chinela, como muitas vezes temos visto, com os riscos físicos que isso pode trazer. E a péssima imagem que oferece o repisar constante dum lenço, dum chapéu ou duma faixa.
Se na representação do grupo está implícita a maior fidelidade dos factos folclóricos, ficará bem, também neste gesto, a retratação do acto, tão natural noutros tempos.
Que a mensagem se espalhe. Entre directores, ensaiadores e componentes dos grupos de folclore.

Manuel João Barbosa – Jornal folclore – Edição 151 de Set./08

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