sábado, 18 de julho de 2009

As Gafanhas antes da Ria -4

Há ainda uma outra teoria ligada com a anterior embora talvez menos divulgada, que refere que esta terra, por ser bastante deserta, fosse comparada à pele dos leprosos, que por motivo de doença se tornava seca e rugosa, sendo assim de certo modo parecida com os solos da Gafanha, também eles secos, rugosos e ásperos.
Para terminar esta parte, referente às origens do nome Gafanha, quero referir uma outra possibilidade, que diz que o nome destas terras poderá ter vindo da palavra “Galafanha”. Quem referiu esta possibilidade foi Pedro José Marques no seu livro Dicionário Geográfico abreviado das oito províncias dos Reinos de Portugal e Algarves, publicado em 1853. Na altura dessa publicação, o autor refere uma zona da freguesia e concelho de Vagos, que se chamaria Galafanha, embora já na altura fosse vulgarmente denominada de Gafanha. Na origem desta palavra, estariam duas palavras distintas, Gala e Fania, que depois se teria transformado em Fanha. Gala na sua origem, queria significar zona alagada; como exemplo podemos referir a ainda hoje chamada Gala, na Figueira da Foz, à qual, quem conhece, pode facilmente reconhecer certas semelhanças com as nossas Gafanhas. Fania, seria uma palavra que significaria, após ter sofrido várias transformações, que não importa muito estar a referir, uma zona em que abundariam certas plantas selvagens, como por exemplo o junco, ervas e outras que cresciam sem qualquer intervenção do homem. Assim por associação, pode dizer-se que, se esta teoria fosse verdadeira, o nome da Gafanha adviria do facto de esta ter sido zona alagada, onde cresciam plantas selvagens.
Irei agora parar um pouco de falar sobre a Gafanha, para falar sobre a Ria, já que, o grande objectivo deste trabalho é estabelecer a ligação entre estas duas vertentes, a terra, representada pelas Gafanhas e a água, pela ria.
Para começar a falar sobre a Ria, irei recuar até antes dos séculos X-XII, para mostrar que, nessa altura, ainda não existia Ria de Aveiro.

A costa portuguesa era muito, mas mesmo muito, diferente daquilo que é nos nossos dias. Assim, o mar tocaria directamente povoações como Ovar, Estarreja, Ílhavo, Aveiro e outras, conforme se pode observar na figura nº 2. Inclusivamente, o Rio Vouga vinha lançar as suas águas directamente no mar, numa espécie de estuário, que se situava entre Angeja e Cacia.
(Continua)

(Figura 2)


Boas leituras
Rubem da Rocha


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