quarta-feira, 29 de julho de 2009

As Gafanhas antes da Ria -5


Refere o Padre João Gaspar nos seus estudos, que hipoteticamente, cerca de 18 000 anos antes de Cristo, o nível médio das águas do mar encontrar-se-ia cerca de 130 metros abaixo do seu nível actual. Assim, pode-se pensar que a linha da costa estaria de quarenta quilómetros mais para Oeste e que nessa faixa, existiria uma densa e rica vegetação selvagem. Abro aqui um parêntesis, para referir que, ainda não há muito tempo, na zona das Gafanhas, era frequente ao abrir-se um furo para qualquer efeito, aparecerem bolsas de gás, que podem ter resultado precisamente dessa vegetação, que ao ter ficado submersa, terá entrado em decomposição e hoje ao apanhar uma pequena aberta, libertam-se os gases resultantes dessa mesma decomposição. Ainda me lembro de na abertura dos alicerces para uma casa, ter surgido gás e ter estado vários dias a arder.
Mas, voltando ao tema, com o aumento progressivo da temperatura do ar, iniciaram-se os degelos dos glaciares e esta conjugação de factores terá possibilitado que, o nível médio das águas do mar fosse subindo aos poucos e fosse avançando os tais quarenta quilómetros, até se fixar mais ou menos, na linha que se pode ver na figura nº3. Porém entre Espinho, ou propriamente, Gaia e o Cabo Mondego (Figueira da Foz), teria ficado uma baía onde iriam desaguar os rios Caster, Antuã e Boco, além do Vouga a que já me referi.
Mas, simultâneo com a ocorrência deste processo, um outro se desenrolou: A sedimentação, ou depósito de areias no fundo do mar. Estas areias, eram trazidas não só pela força das marés, mas também pelas águas dos diversos rios, que correndo em zonas com pedras, iam acarretando no seu percurso, pequenos fragmentos dessas rochas, que acabavam por se ir fixando também na zona onde o rio se encontrava com o mar.

Este processo de sedimentação teve desenvolvimento contínuo, pelo que, com o passar dos anos, se começou a formar um cordão litoral de areias, onde se viriam a desenvolver as Gafanhas, bem como outras povoações, casos da Murtosa, Torreira e São Jacinto, entre outras. Com o aparecimento deste cordão litoral, viria a formar-se um pedaço de mar interior, dando assim origem à Ria de Aveiro, que viria a ter enorme importância no desenvolvimento de toda esta zona, como adiante veremos.
(Continua)

Boas leituras
Rubem da Rocha

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