quarta-feira, 2 de setembro de 2009

As Gafanhas antes da Ria - 8

Portanto, a construção de um lugar onde pudessem praticar as suas devoções, terá sido uma das primeiras realizações dessas gentes ao instalarem-se por lá. Como nota, refira-se que esta capela foi dedicada a Nossa Senhora da Nazaré e era tão pobre e humilde, que nem sino tinha, sendo o povo chamado para as cerimónias, através do toque de um búzio, que um Gafanhão tocava com toda a força, soprando longamente, fazendo o som propagar-se através dos areais.
Como se pode constatar, foi também a partir de abertura da barra nova, que as Gafanhas se começaram a desenvolver, pois passados cerca de 10 anos deste acontecimento, foi construído o primeiro templo religioso desta zona, sinal da fixação de uma comunidade.
Assim e para terminar este trabalho, queria deixar as seguintes conclusões:
1º - As Gafanhas começaram a ser povoadas, ainda que de uma forma muito lenta, por volta do ano de 1677.
2º - Esse povoamento foi feito a partir das freguesias mais a Sul, caso de Vagos, fruto da ligação terrestre existente.
3º - Nos séculos X-XII, a costa marítima portuguesa tinha uns contornos muito diferentes dos actuais, tocando o mar povoações como Angeja, Vagos, Cacia e outras, que hoje ficam bastante longe dele.
4º - Foi a partir desta altura, com o processo de sedimentação, que se começou a formar um cordão litoral de areias, criando um mar interior, que depois daria origem à Ria de Aveiro.
5º - Com o surgir da Ria de Aveiro, viriam a aparecer também línguas de terra que originariam povoações, entre as quais as Gafanhas.
6º - Seria com a barra nova, em 1808, que toda esta região entraria definitivamente, numa época de progresso constante.
7º - Como resultado de tudo isto e como conclusão final, digo que as Gafanhas não existiriam antes da Ria de Aveiro, mas pelo contrário, com a formação da ria de Aveiro, é que surgiram as Gafanhas.

Trabalho apresentado no Quinto colóquio da Murtosa e posteriormente publicado, no livro do 10º Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré.

Boas leituras
Rubem da Rocha

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