sexta-feira, 16 de outubro de 2009

As Novenas (parte I)

Não é novidade para ninguém se dissermos que os nossos avós eram gente crente, de uma fé inquebrantável bebida no seio da família, onde as oraçõe quotidianas tinham hora marcada. Ao levantar e ao deitar ficavam por conta de cada um, mas às refeições e antes da ceia eram momentos de oração colectiva, com o terço a marcar presença na grande maioria dos lares gafanhões. O pai ou a mãe, se aquele andava embarcado, ou um dos filhos orientava a reza do terço, onde no final eram recordados todos os familiares falecidos, com, por vezes, intermináveis orações por suas almas.
Mas hoje vamos lembrar as novenas que, como o nome indica, eram promessas em que participavam, para além da pessoa em dívida para com qualquer santo ou santa, ou mesmo Nossa Senhora, nove pessoas, normalmente gente muito nova. Também participámos em algumas delas, por motivo que hoje as queremos recordar, sabendo de antemão que alguma coisa passará, tantos são os anos que já se foram.
A "dona" ou o "dono" da promessa fazia os inevitáveis convites a nove meninos e meninas, ou só meninos ou só meninas, rapazes e ou raparigas, conforme o prometido, e no dia aprazado, normalmente ao domingo ou em qualquer dia santo de guarda, lá íamos em grupo, a pé, ora à Senhora da Saúde, na Costa Nova, ora à Senhora dos Navegantes, no Forte, ora ao São João, na Barra, ora à Senhora de Vagos, onde rezávamos o terço e uma ou outra oração da devoção da organizadora da novena, para depois se regressar.
(Continua)
Artigo da autoria do Prof. Fernando Martins e publicado no livro do XVI Festival de Folclore, realizado em 8 de Julho de 2000.

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