sexta-feira, 8 de abril de 2011

Fortificações da Barra de Aveiro 3


Planta do Forte da Barra



Forte da Barra (continuação).

Não podemos esquecer que foi sobretudo a partir de D. João III que se incentivou a fortificação e defesa do litoral português, sendo este rei o que mais profundamente levou a sério o problema da fortificação marítima. “Ordenou a construção de várias fortalezas para defenderem as povoações do litoral, muitas das quais se concluíram no reinado de seu neto D. Sebastião. Em 1560começaram as obras do Forte de S. João da Foz do Douro, em 1568 as do Castelo de Viana, em 1577 o forte da Nazaré, em 1580 as do castelo de Vila do Conde e possivelmente também nesse tempo se edificaram as fortalezas da foz do Mondego, Buarcos e Figueira da Foz. Não é assim de admitir que o rei ordenasse a construção de fortificações nas barras dos principais rios do norte de Portugal, no Lima, no Ave, no Douro e Mondego, onde existiam nesse tempo portos marítimos bastante florescentes e esquecesse o principal, aquele que ficava maravilhosamente resguardado das fúrias do mar, que possuía uma das terras mais populosas do pais e enviava à pesca do bacalhau maior número de embarcações” (21). Aceitamos, totalmente, este raciocínio, tendo em conta que a foz do Vouga, pela sua importância própria e pelo volume da população, (lembramos as vilas de Aveiro, Eixo, Esgueira e Ílhavo), levaria o rei a não deixar no esquecimento o porto de Aveiro. O Forte de Aveiro deve ter sido planeado e iniciada a sua construção no reinado de D. João III. Parece-nos que assim terá sido, para defendera entrada da barra, ao tempo localizada, conforme acima referimos, um pouco ao sul de S. Jacinto, e aumentar as condições de segurança das vilas ribeirinhas, na altura praticamente desprovidas de defesa, excepto Aveiro que ainda possuía muralhas do tempo de D. João I. Por motivos ainda não esclarecidos, mas que poderão ter a ver com as constantes mudanças da barra, e após a edificação das muralhas dos dois meios baluartes e a cortina de ligação, foi abandonada a construção do forte. A fortaleza provavelmente manteve esse aspecto até 1808, ano em que foi construído o terrapleno do baluarte sul, aquando da definitiva fixação da barra no actual canal artificial. Sendo assim, e como acabámos de ver, o Forte da Barra deve ter cerca de quatrocentos anos de existência, ainda que não totalmente acabado nem mantendo sempre a mesma fisionomia. Para João Vieira Resende, o forte foi edificada no século XVII (22), e o general João de Almeida escreveu: - “Este Forte teria sido construído durante a guerra da Restauração e reconstruído nos anos de 1801 e 1802, em obediência ao plano de defesa do reino, elaborado nos fins do século XVIII.” (23)

(Continua)



Trabalho elaborado pelo Sr. Cardoso Ferreira, sobre as Fortificações da Barra de Aveiro, e que foi publicado no boletim nº 17 de Agosto de 1989, da ADERAV – Associação de Defesa e Estudo do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro.

21-Carlos Pereira Callixto, “Defesa Nacional”, revista nº 285/286, Janeiro de 1958, Pg.228.

22-João Vieira Resende, “Monografia da Gafanha”, Pg.63.

23-João de Almeida, “Roteiro dos monumentos militares portugueses”, volume II, Pg.76.

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